Professor Dr Thiago Bernardino de Carvalho
O ano de 2020 vem sendo marcado por inúmeras incertezas e discussões, tanto em relação à produção interna (a quanto vai chegar os preços do milho e da arroba, fecho ou não meu boi no cocho), quanto ao relacionado ao mercado internacional (a China irá continuar comprando ferozmente nossa carne? Os países irão deixar de comprar a carne brasileira devido a questões políticas-ambientais?). Questões como essas vêm de encontro com o crescimento da importância do país no cenário mundial de produção de carne bovina.
O ponto frágil deste sucesso que vem sendo destacado é como sustentar o crescimento, dado que as restrições por terra e clima surgem não só no Brasil, mas em todo o planeta. O crescimento do consumo internacional e a necessidade de preservar a Amazônia mostram que as terras necessitam aumentar a produtividade. A pecuária brasileira ocupa a maior parcela da área agricultável do Brasil e está perdendo espaço para outras atividades agrícolas. Por outro lado, no país, o clima pode impactar numa menor produção de pastagem e, como, consequência, em uma menor produção de carne em determinados períodos do ano.
E, para isso, o confinamento surge como grande alternativa pra intensificar a produção. Os investimentos no confinamento dependem da sustentabilidade econômica, pois ele exige capital intensivo, e implica em riscos maiores de produção e comercialização. Pelo lado da indústria, com a expansão do mercado consumidor, há a necessidade de fornecer carne de qualidade, padronizada e de forma contínua, fazendo com que este setor busque parcerias e contratos com fornecedores do animal.
Devido a esses riscos e a incerteza de mercado, nos últimos anos vem crescendo o uso de contratos entre produtores e indústria de carne, ferramenta essa muito pouco utilizada num passado recente neste setor e que começa a ganhar espaço entre os produtores, principalmente entre nos confinamentos, que enxergam na expansão do mercado uma oportunidade de qualificar seu rebanho e garantir o retorno de seu investimento.
No caso do contrato entre os confinadores de gado da indústria de carne, a incerteza de mercado (oferta e demanda) é que leva os agentes a buscar este tipo de relação. Apesar de ocorrer muitas diferenças entre sistemas de produção ao longo de um país com proporções continentais como o Brasil, o sistema de comercialização mais usado ainda é o tradicional contrato a preço de balcão no dia da venda.
Mas os resultados do trabalho desenvolvido com mais de 600 confinadores mostraram que há uma procura crescente por contratos entre confinadores e indústrias, na medida que a tecnologia aumenta, com maior investimento por parte do produtor e na busca de padronização pelos frigoríficos, que pagam adicionais de prêmios pela qualidade maior. Neste trabalho desenvolvido, o prêmio mostrou-se a variável de maior impacto para a realização de contratos, seguido do tamanho do rebanho e tecnologia em nutrição e sanidade.
Ou seja, o mercado confinador nacional está se desenvolvendo e buscando empregar tecnologias, tanto na produção como na comercialização, elevando a tecnificação e melhorando a margem da atividade.
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