Professor Thiago Bernardino de Carvalho
A arroba do boi gordo, assim como no ano de 2019, voltou a atingir patamares histórico no final de um ano. Se há doze meses falava-se de uma arroba superando os 200 reais por arroba, em 2020 a expectativa era a barreira dos 300.
Alguns pecuaristas se aproximaram e conseguiram preços nesse patamar, muitos vinculados ao tipo de gado entregue na comercialização – acabamento de carcaça, precocidade, destino de exportação, entre outros fatores.
E por mais um ano seguido, o mercado irá buscar um novo patamar de equilíbrio de preços, ajustando aos principais fatores de formação de preços, a demanda interna e a oferta do produto. E paralelo à formação de equilibro que o mercado, mas sofrendo impacto do mesmo, está a margem produtiva do pecuarista, principalmente o recriador e o terminador.
A alta da arroba traz à tona novamente o tradicional efeito manado na cadeia - novos investimentos ocorrerão, com o uso cada vez mais de tecnologia, na busca de aumentar a produção e consequentemente a receita com preços mais altos. E o grande gargalo pode surgir com investimentos mal feitos.
Não somente o preço do boi vem se mantendo firme no mercado, mas também os preços de bezerro e boi magro, atingem patamares históricos, impactando no aumento dos custos dos elos seguintes da cadeia produtiva dentro da porteira.
E em momentos em que o mercado trabalha com preços altos de bezerro, acompanhados de custos altos de manejo dos animais (alimentação, sanidade, genética e recursos humanos), surge um ponto chave para o pecuarista nesse processo, chamado de recria.
Assim como o ocorrido no ano de 2015, os altos preços do bezerro levavam de um lado pecuaristas a acreditar que esse movimento seria repassado para o boi gordo nos períodos seguintes, mas por outro lado, deixava muitos preocupados com a margem da recria e engorda, devido a demanda final. O que se observou, é que o ano de 2016, curto-prazo – ainda foi remunerador para os pecuaristas, enquanto que a terminação desse bezerro caro na forma tradicional, num período mais longo, trouxe prejuízo do produtor.
A recria neste período de alta nos custos e incerteza de preços firmes que remunerem a atividade, tem um papel fundamental para a atividade de pecuária se tornando o protagonista no próximo ano da pecuária.
O uso de tecnologia (sanidade, nutrição e genética) e manejo que garantam um animal saudável e que ganhe peso rapidamente será importante para a rentabilidade da atividade. Ferramentas para reduzir o tempo de permanência na atividade e acelerar os ganhos produtivos farão com que a atividade, muito deixado de lado pelos pecuaristas, torne a atividade lucrativa.
Ter um olhar empresarial e ir contra o efeito manda tradicional de produção é fundamental para o fazendeiro hoje em dia. E o foco em uma boa recria minimizará os impactos dos custos e irá melhorar as margens.
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