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Prof Thiago Bernardino de Carvalho
UNESP/Botucatu
 
Os últimos meses vem sendo de preocupação e cautela no setor produtivo leiteiro. Desde o ano passado, a pandemia trouxe uma nova realidade para o campo brasileiro. Com câmbio desvalorizado, somado à uma demanda externa chinesa aquecida, fizeram com que os preços de commodities agrícolas brasileiras, entre elas, o milho, alcançassem patamares elevados.
 
Não bastasse todo cenário adverso em relação à competição com o mercado exportador, o mercado lácteo enfrenta, ao longo deste ano, a quebra de produção de milho devido à seca, somado à geada, que vem impactando na oferta do grão e, como consequência, na elevação dos custos para o pecuarista leiteiro.
 
Representando em média, cerca de 35% a 40% dos custos do leite produzido, o concentrado tem se tornado o vilão para a produção, fazendo com que a margem do produtor se reduza e, em muitos casos, se torne negativa. Um indicador que mostra esse cenário é o de relação de troca leite e milho, item de maior custo para o concentrado.
 
Nos últimos dezessete anos a média da relação de troca na produção leiteira foi de 1,83, ou seja, com a venda de um litro de leite, o produtor conseguiu comprar 1,83 quilos de milho. Entretanto, a relação de troca atual é de 1,43 – um litro de leite comprou em junho/21 1,42 quilos de milho. É melhor relação desde janeiro deste ano. Por outro lado, na média anual em 2021 é a pior da história, registrando 1,35 quilos comprados de milho com a venda de um litro de leite.
 
Os elevados custos vêm fazendo com que muitos produtores reduzam seu rebanho e até mesmo deixem a atividade. Entretanto, um ponto interessante na análise de viabilidade da atividade e que pode ser um alento ao produtor num cenário de custos elevados, é a sanidade e o emprego de um correto protocolo.
 
Representando cerca de 5 a 7% dos custos de produção do leite, a sanidade tem o papel de ajudar os animais em uma melhor conversão alimentar e transformar investimentos em ganhos de produtividade.
 
Uma redução de casos clínicos com vacas variando de 10 a 5%, pode elevar a produtividade do rebanho em mais de 6%, contribuindo para a redução do custo fixo e o aumento da produção, traduzindo em uma melhora da margem da atividade.
 
Ou seja, em um cenário de elevado custo e margens apertadas, um rebanho saudável pode elevar a produção e ajudar nos ganhos de escala, contribuindo para a melhora dos números financeiros.