Skip to main content


Prof. Thiago Bernardino de Carvalho
UNESP/Botucatu
 
 
Os números ainda estão longe de ser o ideal quando são analisados o potencial e a importância do mercado lácteo brasileiro, mas a evolução pela qual passa um dos pilares de produção dentro da porteira acena com um horizonte promissor para o setor.
 
Nos últimos anos, segundo dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA), foram inseminadas no Brasil, cerca de 10% das matrizes de leite. Este número representa algo em torno de 1,809 milhões de vacas no país.
 
Apesar do número pequeno, nos últimos quatro anos houve um crescimento de três pontos percentuais de fêmeas inseminadas. O reflexo de um mercado mais remunerador nos últimos dois anos ajuda a entender esse movimento, mas deve-se destacar também uma profissionalização maior do setor produtivo que vem buscando aprimorar a produção. 
 
A necessidade de se produzir mais com menos, exigindo uma performance do animal em termos de quantidade e qualidade, além de uma vida útil maior, faz com que cada vez mais produtores busquem melhorar geneticamente seu rebanho e também em melhores índices produtivos, refletindo no uso de outros fatores de produção com mais tecnologia, como sanidade e nutrição.
 
Em termos regionais, os estados do Sul do país se destacam como os principais empregadores de genética em relação ao rebanho. Respectivamente, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e o estado do Paraná, a inseminação é cerca de 21,8%, 19,6% e 17% de suas vacas. Os melhores índices produtivos da atividade leiteira no Brasil, em termos de vaca em lactação e litros/vaca/dia encontram-se nessas regiões, na maioria das fazendas. 
 
Evidentemente que há propriedades em outras regiões, como Sudeste e Centro-Oeste com altos índices produtivos, mas que em sua maioria estão abaixo da região Sul. Toma-se como exemplo o estado de Minas Gerais, que em termos de números de vacas, é o estado que mais se utiliza de inseminação, com mais de 550 mil matrizes inseminadas, de acordo com a ASBIA (2019). Com o maior rebanho de vaca leiteira do Brasil, o estado mineiro possui dados de produtividade inferior à região Sul.
 
Os números atestam que o setor vem evoluindo em termos de uso de tecnologia, mas que há sempre a necessidade de elevar a produtividade e a lucratividade da fazenda com os demais fatores de produção.
 
Uma boa gestão nutricional, de pastagem e de sanidade, aliados com uma gestão de funcionários, com treinamento sobre o uso dessas ferramentas, se tornam fundamentais para o sucesso do emprego dessas tecnologias. Mais litros de leite não será somente reflexo de um melhor animal ou de uma raça diferenciada, mas sim da maximização e da melhor combinação das ferramentas disponíveis dentro da fazenda.
 
A genética pode ser uma decisão importante e um pontapé inicial da melhora da produção, mas sozinha poderá se transformar em pesadelo para o produtor.