Prof. Thiago Bernardino de Carvalho
UNESP/Botucatu
A carne de um animal cada vez mais jovem, seja pela maciez, seja pelo giro rápido da atividade dentro da porteira, vem ganhando cada vez mais espaço dentro do setor produtivo e, principalmente, no mercado consumidor brasileiro. A prova disso é a carne da novilha.
A novilha é a denominação dada a categoria animal de fêmeas que nunca ficaram prenhes, ou seja, uma vaca jovem e de carne macia. Este tipo de categoria animal ganhou espaço no mercado nacional e, como consequência, vem recebendo valores de boi gordo, ou seja, uma forte valorização.
Os números mostram o avanço no abate desta categoria. No primeiro trimestre de 2020, foi registrado o segundo maior ano de abate desta categoria, chegando a 871,34 mil de animais. Este número representa 12,01% do total abatido no período – no ano passado, representou 12,46%.
Mas o número que chama a atenção é a porcentagem de abate de novilhas sobre o montante de vacas abatidas no total. O número registra recorde histórico para o primeiro trimestre do ano, chegando a 39,3%, e o segundo maior da história dos trimestres. O maior foi registrado no segundo trimestre do ano passado, quando a porcentagem chegou a 43%.
Apesar de ser necessário considerar que a porcentagem não ultrapassa seus 50%, o movimento de alta acende um alerta para um gargalo futuro de produção, que começa a ser sentido no decorrer deste ano e possivelmente para o ano que vem.
Por outro lado, abre-se uma janela de oportunidade para melhorar o conceito de produção de fêmeas adultas, com a necessidade de investimentos cada vez maiores em termos de sanidade e nutricionais para esta categoria de animal.
Prova disso são os números do total de fêmeas abatidas. Analisando o montante total de fêmeas abatidas - vacas e novilhas, o total chegou a 3,088 milhões de cabeças de janeiro a março deste ano, o que representa 42,57% do total de animais abatidos no trimestre. No ano passado, esse número foi de 3,666 milhões de cabeças (46,45% do total) e em 2014, 3,931 milhões (46,95% do total), maior valor da história.
Ou seja, apesar do aumento no abate de novilhas, pelo melhor retorno em termos de preços, produtores vêm conseguindo segurar vacas – em relação a anos anteriores – antecipando o movimento de faltas de animais no curto e no médio prazo.
A pecuária precisa, ainda, trabalhar o melhor uso de tecnologias no campo, mas a evolução que vem conquistando nos últimos anos é refletida nos números citados acima. Temos mais novilhas sendo abatidas pela demanda e precificação do mercado, mas há a estratégia da produção de olho no ciclo produtivo e na busca de melhores margens no curto prazo, e isso só é possível com o melhor uso de tecnologia e gestão da atividade.
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