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Professor Dr Thiago Bernardino de Carvalho
Unesp/Botucatu

 

Com o fim do período das águas e início da época das secas, uma ferramenta importante de estratégia de mercado se torna opção para boa parte dos pecuaristas: o confinamento. Uma parte dos produtores que usam desse sistema para engordar gado no segundo semestre já fizeram as contas da atividade, mas devido a pandemia e as incertezas geradas pelo mercado, muitos estão adiando fechar o gado no cocho para mais o final do ano, na expectativa de milho mais barato e preços melhores no boi gordo.

 

Um ingrediente a mais neste ano de 2021, que vem se caracterizando com grandes desafios para a produção agropecuária, é em relação ao clima. O volume de chuvas menor na grande parte do país em comparação aos anos anteriores impactou no plantio, colheita e no caso da pecuária, na produção de pastagens.

 

Soma-se ao período seco no primeiro semestre, as geadas que atingiram o Brasil nas últimas semanas, trazendo impactos diretos na produção de alimentos, entre eles carne e leite, que tem a pastagem como principal alimento.

 

No caso da pecuária de corte, a entrada do período de entressafra trouxe à tona uma lupa maior sobre a engorda dos animais em confinamento. O segundo semestre de 2021 ganha grande importância devido à restrição de animais prontos para o abate no Brasil ao longo dos últimos meses, somado aos altos custos de produção, principalmente a alimentação com o milho. 

 

A decisão de entrar no sistema, dado o elevado custo (milho e também o boi magro), encontra a expectativa futura de receitas com preços do boi gordo em um cenário positivo para o pecuarista. As margens estão mais apertadas em relação ao ano passado, mas seguem interessantes para quem decidiu engordar seus animais no cocho.

 

Com os custos elevados, a chave de sucesso está na produtividade, seja no ganho de peso diário, seja no rendimento de carcaça. A rentabilidade, de acordo com estudos de acompanhamento de confinamento realizado no Estado de São Paulo, mostram que, para este ano, o produtor que decidir confinar no mês de julho para entregar seu boi no final do ano, e negociar seu boi no mercado futuro ou a termo, pode ter uma rentabilidade de até 4,03% ao mês (chegando a 13,12% em 95 dias), considerando um preço do milho em julho em média R$ 97,48/sc de 60 kg e o preço de um boi magro de no patamar de R$ 4.700,00/cabeça. O preço de venda do boi gordo para novembro/21 foi de R$ 329,95/@. Destaca-se que nesse estudo o ganho de peso diário foi de 1,7 quilogramas e o rendimento de carcaça de 55% e o custo da arroba engordada foi de R$ 291,96/@.

 

Os números mostram que há uma boa oportunidade de rentabilidade para o confinamento neste ano. Apesar dos desafios relacionados ao clima e aos custos elevados, a atividade feita de forma estratégica e com gestão de riscos é interessante e lucrativa.